Happy new year!
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Feliz ano novo, queridos leitores!
Que 2014 seja o ano da estabilização para muitos, da caminhada para uma vida plena, cheia de realizações e felicidade, é isso que desejo para vocês!
Minha última postagem no blog foi em abril de 2013, eu estava vivendo uma briga deveras séria com meu marido. Permitam-me retornar àquele ponto apenas para fechar a questão. Depois darei uma pincelada sobre 2013, ok? Antes disso quero agradecer os comentários deixados por aqui e os emails recebidos. Peço desculpas por não tê-los retornado antes, 2013 foi um ano de muito trabalho, mal conseguia respirar. Sempre que eu escrevia aqui no blog ficava triste pela falta de interação, portanto meus caros leitores, se vocês ainda permanecem por aí, por gentileza deem sinal de vida, combinado?
Voltando ao buraco negro: aquela foi uma das brigas mais doídas da minha vida. Chegamos a cogitar separação. Avaliamos a venda do apartamento para dividirmos o valor, eu ficaria com o carro e ele com a moto. Estava tudo acertado. Separação, tentativa de suicídio, crises de paranoia, sonhos torturantes, tudo causado por uma pessoa. Isso para mim é extremamente sério, cruel e desumano, sofri isso tudo por causa do “irmão” e Davi não concordava, não via ou não queria ver. Mas Deus é mais forte. E diante de todo o rancor, de todas as palavras que dissemos um ao outro que abriram feridas tão profundas e aparentemente não cicatrizáveis, dia a dia nosso relacionamento foi se restabelecendo. Primeiro no silêncio, na ignorância mútua. Era como se o outro não estivesse ali, mas ele estava e a situação era deveras desconfortável. Eu estava trabalhando demais, 15, 16 horas por dia, saía do computador apenas para tomar banho e dormir, isso ajudou a atravessar essa fase. Pouco a pouco fomos nos reaproximando e quando eu me senti segura novamente em relação ao nosso sentimento voltei a conversar sobre o quanto a atitude dele foi insensata e desrespeitosa e sobre como o irmão dele tinha poder sobre nossa relação. Disse ainda que não mais aceitaria isso e ele concordou. Ficou tudo bem, pelo menos até a próxima crise do “irmão caçula” de 29 aninhos.
A vida seguiu, eu estabilizei. Continuei tomando Torval, mas passei de 300 para 500 mg definitivamente, a dosagem do Luvox também subiu de 50 para 100 mg e a de quetiapina de 25 para 50 mg, ou seja, todos os medicamentos praticamente dobraram a dosagem (obrigada, “irmão caçula” de merda). Evitei o quanto pude o “irmão caçula”, mas infelizmente vez ou outra ele acabava aparecendo em minha casa. Então eu fazia de tudo para agradá-lo, tentando assim deixar meu marido feliz, mas nada adiantava, em algum momento da visita o execrável aprontava alguma. Na minha casa, debaixo do meu teto ele me desrespeitava.
A terapia me fez um bem que medicação nenhuma jamais fez.. Em dois meses já se via a diferença, em 6 então… Eu já não era aquela que escreveu no penúltimo post “que sem ele não sei quem sou”. Minha empresa cresceu MUITO, eu já era reconhecida no mercado mas em 2013 o reconhecimento veio como uma avalanche e como eu estava corretamente medicada e fazendo terapia, eu consegui lidar com tudo isso da melhor maneira imaginável, como se não tivesse nenhum transtorno mental, ou melhor, usando o lado brilhante da bipolaridade que tanto falam e que até então eu poucas vezes havia experimentado.
O sucesso de minha empresa e do meu site fortaleceu minha auto estima. Eu, alguém desacreditada desde o berço, alguém que sempre foi a mais inteligente mas a mais chorona, feia, gorda, antissocial, esquisita, sem amigos, rejeitada, isolada, eu me tornei destaque na minha área de atuação. Não há em minha cidade e até fora dela quem não conheça meu nome ou do meu blog quando está em busca do serviço que eu presto. Foi difícil aceitar que isso era verdade. Precisei de várias sessões de terapia para entender que eu não era uma impostora, mas sim uma pessoa competente trilhando uma carreira de sucesso. Esse assunto ainda volta a ser discutido às vezes em algumas sessões. Eu sempre tenho a sensação de que meu sucesso não se deve à minha competência, mas sim à sorte ou à alguém ter me ajudado, ou a qualquer fator externo. É como se a qualquer momento alguém fosse descobrir que eu sou uma impostora e que todo o meu sucesso se deve apenas a esses fatores e não ao meu trabalho. Mas na verdade não é assim. Meu terapeuta e meu marido me ajudam sempre a rever cada passo da minha carreira e do meu planejamento futuro para me mostrar o quanto sou competente e o quanto sei criar estratégias e gerenciar negócios e pessoas. Eles estão sempre me mostrando minhas qualidades, não através de elogios vazios, mas através de exemplos de coisas que eu mesma fiz. Isso me fortaleceu e me deu autonomia e segurança para ser eu mesma, para ser autêntica, para começar a viver!
Continuei tendo ciclagens rápidas periodicamente, principalmente quando acontecia algo que me abalava emocionalmente e ainda é assim. Mas nada que me tirasse a estabilidade. Um ou dois dias de repouso, em silêncio, lendo ou fazendo o que gosto eram suficientes para me restabelecer. Entretanto eu me pressionei demais no que se refere a trabalho. Percebendo a minha boa fase eu trabalhei como se não houvesse amanhã. Não tive recesso em dezembro de 2012 e janeiro de 2013 e tive 50% a mais de projetos a executar que no ano anterior, isso sem contar as visitas à parceiros, fornecedores, atendimento a futuros clientes e a clientes com projeto em andamento. Eu fui uma máquina e todos me aplaudiam. Laura está sempre à disposição! Laura, modelo de profissional! Laura isso, Laura aquilo! Meus clientes me ligavam de madrugada, nos feriados e fins de semana (meu trabalho exige um certo apoio psicológico aos clientes), não havia limites e aquilo começou a me incomodar muito. Somado a isso comecei um MBA na área de negócios no segundo semestre e me apaixonei novamente pelos estudos, estava em êxtase. Em outubro Davi e eu decidimos tirar férias, viajamos para a praia mas eu caí na asneira de levar o celular e, é claro, trabalhei remotamente. Descanso zero.
Resultado? Cheguei ao fim do ano completamente esgotada. Estava com muita raiva do meu trabalho (pelo qual sou ou era apaixonada), só de pensar nele me dava vontade de chorar. Estava decidida a largar tudo e me tornar mãe e dona de casa. Pensei em engravidar em 2014 e estudar para um mestrado, dar aulas e cuidar do meu filho (a). Meu trabalho era deveras estafante, com alto nível de pressão e cobrança, pouca ou nenhuma tolerância a erros e a remuneração não é compatível com tanto desgaste e estresse. Após conversar com meu marido decidi me dar recesso do Natal até dia 15 de janeiro. Desliguei o computador, o telefone, tudo, hoje é o primeiro dia que retorno e foi só para escrever para vocês. Estou em casa, curtindo preguiça e pensando no que vou fazer no futuro. Não aguento outro ano como esse. Trabalhei em média 15 horas por dia, incluindo muitos sábados e domingos. Não vi minha família, perdi contato com meus amigos que não compreendem o porquê do sumiço apesar de me verem sempre na mídia, me esgotei física e emocionalmente e só ganhei dor de cabeça e estresse. Preciso pensar em alternativas pois não quero ficar sem ganhos, mas meu organismo não aguenta tanta pressão e estresse.
Engordei ainda mais. Procurei meu psiquiatra e nós trocamos a medicação, inclusive a medicação nova já é compatível com gravidez, caso eu decida encomendar um baby. A mudança foi sugerida para tratar a compulsão alimentar. Tenho histórico genético para compulsão. Meu pai e outros membros da família são alcoólatras, alguns desenvolveram compulsão por drogas e vários, como eu, por comida. Eu engordei 17 quilos em 3 anos e o que mais me preocupou foi meu comportamento diante da comida. Eu comia como se não pudesse parar, tarde da noite me dava vontade de comer doces e se não havia em casa eu ficava igual a uma barata tonta andando de um lado para o outro, desesperada penando em como conseguir um doce, até que eu não aguentava e saía em busca de alguma lojinha 24h para comprar. Meu ápice foi quando não havia doce em casa de madrugada e eu desesperadamente bebi um vidro de calda de sorvete. Depois, passando mal com a quantidade de açúcar ingerida, sentei na cama e chorei muito.
Ao contar isso meu psiquiatra sugeriu as seguintes medicações: topiramato 25 mg de 12 em 12 horas, sertralina 100 mg no horário do almoço, junto de uma refeição e manteve a quetiapina de 100 mg a noite. A adaptação foi difícil como sempre é. Ainda estou passando por ela, comecei a medicação em 14/11, o efeito começa após um mês e meio e o efeito pleno só após três meses. Me senti mais deprimida mas sem conseguir chorar. Sabe quando você está muito triste, sente que precisa chorar para aliviar toda aquela dor mas o choro não sai de jeito nenhum? Detesto remédios que causam isso! A compulsão melhorou um pouco, mas não foi aquela Brastemp toda. Eu procurei um endocrinologista e comecei uma dieta no dia 27/12, isso mesmo, antes do reveillon! Estou firme e forte, vou contando o resultado para vocês. Sinto saudade da combinação Torval + Luvox + Quetiapina. Ela foi a responsável pela minha estabilização e foi com ela que eu me dei melhor até hoje. Porém, percebi uma coisa boa nesse novo coquetel: eu tenho menos sono, só sinto sono quando tomo a quetiapina a noite. Com a combinação antiga eu sentia sono muito cedo e como não conseguia dormir muito porque tinha que trabalhar, ficava sonolenta o dia todo. Nos dias que não trabalhava eu dormia 12 horas direto sempre. Se deitasse 21h só acordava 09h, se deitasse 21h acordava só as 08h, era um reloginho de 12 horas de sono. Como estou mais alerta consigo produzir mais e isso é muito bom. Vamos ver como as coisas caminham, não é mesmo?
Quanto ao meu futuro, durante esse descanso resolvi dar uma passadinha no meu email profissional e percebi que ainda amo meu trabalho, eu estava apenas muito cansada. Que sirva de lição: meu corpo precisa de pausas, decidi que esse ano não vou trabalhar de manhã, vou aceitar menos projetos, vou fazer alguma atividade física e estudar para o mestrado. Decidi também que vou tirar 10 dias por semestre para fazer NADA!
E vocês, me contem o que andam fazendo? Estou curiosa!