Veneno Bipolar

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Happy new year!

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Feliz ano novo, queridos leitores!

Que 2014 seja o ano da estabilização para muitos, da caminhada para uma vida plena, cheia de realizações e felicidade, é isso que desejo para vocês!

Minha última postagem no blog foi em abril de 2013, eu estava vivendo uma briga deveras séria com meu marido. Permitam-me retornar àquele ponto apenas para fechar a questão. Depois darei uma pincelada sobre 2013, ok? Antes disso quero agradecer os comentários deixados por aqui e os emails recebidos. Peço desculpas por não tê-los retornado antes, 2013 foi um ano de muito trabalho, mal conseguia respirar. Sempre que eu escrevia aqui no blog ficava triste pela falta de interação, portanto meus caros leitores, se vocês ainda permanecem por aí, por gentileza deem sinal de vida, combinado?

Voltando ao buraco negro: aquela foi uma das brigas mais doídas da minha vida. Chegamos a cogitar separação. Avaliamos a venda do apartamento para dividirmos o valor, eu ficaria com o carro e ele com a moto. Estava tudo acertado. Separação, tentativa de suicídio, crises de paranoia, sonhos torturantes, tudo causado por uma pessoa. Isso para mim é extremamente sério, cruel e desumano, sofri isso tudo por causa do “irmão” e Davi não concordava, não via ou não queria ver. Mas Deus é mais forte. E diante de todo o rancor, de todas as palavras que dissemos um ao outro que abriram feridas tão profundas e aparentemente não cicatrizáveis, dia a dia nosso relacionamento foi se restabelecendo. Primeiro no silêncio, na ignorância mútua. Era como se o outro não estivesse ali, mas ele estava e a situação era deveras desconfortável. Eu estava trabalhando demais, 15, 16 horas por dia, saía do computador apenas para tomar banho e dormir, isso ajudou a atravessar essa fase. Pouco a pouco fomos nos reaproximando e quando eu me senti segura novamente em relação ao nosso sentimento voltei a conversar sobre o quanto a atitude dele foi insensata e desrespeitosa e sobre como o irmão dele tinha poder sobre nossa relação. Disse ainda que não mais aceitaria isso e ele concordou. Ficou tudo bem, pelo menos até a próxima crise do “irmão caçula” de 29 aninhos.

A vida seguiu, eu estabilizei. Continuei tomando Torval, mas passei de 300 para 500 mg definitivamente, a dosagem do Luvox também subiu de 50 para 100 mg e a de quetiapina de 25 para 50 mg, ou seja, todos os medicamentos praticamente dobraram a dosagem (obrigada, “irmão caçula” de merda). Evitei o quanto pude o “irmão caçula”, mas infelizmente vez ou outra ele acabava aparecendo em minha casa. Então eu fazia de tudo para agradá-lo, tentando assim deixar meu marido feliz, mas nada adiantava, em algum momento da visita o execrável aprontava alguma. Na minha casa, debaixo do meu teto ele me desrespeitava.

A terapia me fez um bem que medicação nenhuma jamais fez.. Em dois meses já se via a diferença, em 6 então… Eu já não era aquela que escreveu no penúltimo post “que sem ele não sei quem sou”. Minha empresa cresceu MUITO, eu já era reconhecida no mercado mas em 2013 o reconhecimento veio como uma avalanche e como eu estava corretamente medicada e fazendo terapia, eu consegui lidar com tudo isso da melhor maneira imaginável, como se não tivesse nenhum transtorno mental, ou melhor, usando o lado brilhante da bipolaridade que tanto falam e que até então eu poucas vezes havia experimentado.

O sucesso de minha empresa e do meu site fortaleceu minha auto estima. Eu, alguém desacreditada desde o berço, alguém que sempre foi a mais inteligente mas a mais chorona, feia, gorda, antissocial, esquisita, sem amigos, rejeitada, isolada, eu me tornei destaque na minha área de atuação. Não há em minha cidade e até fora dela quem não conheça meu nome ou do meu blog quando está em busca do serviço que eu presto. Foi difícil aceitar que isso era verdade. Precisei de várias sessões de terapia para entender que eu não era uma impostora, mas sim uma pessoa competente trilhando uma carreira de sucesso. Esse assunto ainda volta a ser discutido às vezes em algumas sessões. Eu sempre tenho a sensação de que meu sucesso não se deve à minha competência, mas sim à sorte ou à alguém ter me ajudado, ou a qualquer fator externo. É como se a qualquer momento alguém fosse descobrir que eu sou uma impostora e que todo o meu sucesso se deve apenas a esses fatores e não ao meu trabalho. Mas na verdade não é assim. Meu terapeuta e meu marido me ajudam sempre a rever cada passo da minha carreira e do meu planejamento futuro para me mostrar o quanto sou competente e o quanto sei criar estratégias e gerenciar negócios e pessoas. Eles estão sempre me mostrando minhas qualidades, não através de elogios vazios, mas através de exemplos de coisas que eu mesma fiz. Isso me fortaleceu e me deu autonomia e segurança para ser eu mesma, para ser autêntica, para começar a viver!

Continuei tendo ciclagens rápidas periodicamente, principalmente quando acontecia algo que me abalava emocionalmente e ainda é assim. Mas nada que me tirasse a estabilidade. Um ou dois dias de repouso, em silêncio, lendo ou fazendo o que gosto eram suficientes para me restabelecer. Entretanto eu me pressionei demais no que se refere a trabalho. Percebendo a minha boa fase eu trabalhei como se não houvesse amanhã. Não tive recesso em dezembro de 2012 e janeiro de 2013 e tive 50% a mais de projetos a executar que no ano anterior, isso sem contar as visitas à parceiros, fornecedores, atendimento a futuros clientes e a clientes com projeto em andamento. Eu fui uma máquina e todos me aplaudiam. Laura está sempre à disposição! Laura, modelo de profissional! Laura isso, Laura aquilo! Meus clientes me ligavam de madrugada, nos feriados e fins de semana (meu trabalho exige um certo apoio psicológico aos clientes), não havia limites e aquilo começou a me incomodar muito. Somado a isso comecei um MBA na área de negócios no segundo semestre e me apaixonei novamente pelos estudos, estava em êxtase. Em outubro Davi e eu decidimos tirar férias, viajamos para a praia mas eu caí na asneira de levar o celular e, é claro, trabalhei remotamente. Descanso zero.

Resultado? Cheguei ao fim do ano completamente esgotada. Estava com muita raiva do meu trabalho (pelo qual sou ou era apaixonada), só de pensar nele me dava vontade de chorar. Estava decidida a largar tudo e me tornar mãe e dona de casa. Pensei em engravidar em 2014 e estudar para um mestrado, dar aulas e cuidar do meu filho (a). Meu trabalho era deveras estafante, com alto nível de pressão e cobrança, pouca ou nenhuma tolerância a erros e a remuneração não é compatível com tanto desgaste e estresse. Após conversar com meu marido decidi me dar recesso do Natal até dia 15 de janeiro. Desliguei o computador, o telefone, tudo, hoje é o primeiro dia que retorno e foi só para escrever para vocês. Estou em casa, curtindo preguiça e pensando no que vou fazer no futuro. Não aguento outro ano como esse. Trabalhei em média 15 horas por dia, incluindo muitos sábados e domingos. Não vi minha família, perdi contato com meus amigos que não compreendem o porquê do sumiço apesar de me verem sempre na mídia, me esgotei física e emocionalmente e só ganhei dor de cabeça e estresse. Preciso pensar em alternativas pois não quero ficar sem ganhos, mas meu organismo não aguenta tanta pressão e estresse.

Engordei ainda mais. Procurei meu psiquiatra e nós trocamos a medicação, inclusive a medicação nova já é compatível com gravidez, caso eu decida encomendar um baby. A mudança foi sugerida para tratar a compulsão alimentar. Tenho histórico genético para compulsão. Meu pai e outros membros da família são alcoólatras, alguns desenvolveram compulsão por drogas e vários, como eu, por comida. Eu engordei 17 quilos em 3 anos e o que mais me preocupou foi meu comportamento diante da comida. Eu comia como se não pudesse parar, tarde da noite me dava vontade de comer doces e se não havia em casa eu ficava igual a uma barata tonta andando de um lado para o outro, desesperada penando em como conseguir um doce, até que eu não aguentava e saía em busca de alguma lojinha 24h para comprar. Meu ápice foi quando não havia doce em casa de madrugada e eu desesperadamente bebi um vidro de calda de sorvete. Depois, passando mal com a quantidade de açúcar ingerida, sentei na cama e chorei muito.

Ao contar isso meu psiquiatra sugeriu as seguintes medicações: topiramato 25 mg de 12 em 12 horas, sertralina 100 mg no horário do almoço, junto de uma refeição e manteve a quetiapina de 100 mg a noite. A adaptação foi difícil como sempre é. Ainda estou passando por ela, comecei a medicação em 14/11, o efeito começa após um mês e meio e o efeito pleno só após três meses. Me senti mais deprimida mas sem conseguir chorar. Sabe quando você está muito triste, sente que precisa chorar para aliviar toda aquela dor mas o choro não sai de jeito nenhum? Detesto remédios que causam isso! A compulsão melhorou um pouco, mas não foi aquela Brastemp toda. Eu procurei um endocrinologista e comecei uma dieta no dia 27/12, isso mesmo, antes do reveillon! Estou firme e forte, vou contando o resultado para vocês. Sinto saudade da combinação Torval + Luvox + Quetiapina. Ela foi a responsável pela minha estabilização e foi com ela que eu me dei melhor até hoje. Porém, percebi uma coisa boa nesse novo coquetel: eu tenho menos sono, só sinto sono quando tomo a quetiapina a noite. Com a combinação antiga eu sentia sono muito cedo e como não conseguia dormir muito porque tinha que trabalhar, ficava sonolenta o dia todo. Nos dias que não trabalhava eu dormia 12 horas direto sempre. Se deitasse 21h só acordava 09h, se deitasse 21h acordava só as 08h, era um reloginho de 12 horas de sono. Como estou mais alerta consigo produzir mais e isso é muito bom. Vamos ver como as coisas caminham, não é mesmo?

Quanto ao meu futuro, durante esse descanso resolvi dar uma passadinha no meu email profissional e percebi que ainda amo meu trabalho, eu estava apenas muito cansada. Que sirva de lição: meu corpo precisa de pausas, decidi que esse ano não vou trabalhar de manhã, vou aceitar menos projetos, vou fazer alguma atividade física e estudar para o mestrado. Decidi também que vou tirar 10 dias por semestre para fazer NADA!

E vocês, me contem o que andam fazendo? Estou curiosa!

Paraiso natural

Passando rapidinho pra contar que estou em um paraíso natural e tenho conseguido descansar apesar das crises de choro que eu tento engolir e da sensação permanente de enjôo e de cabeça rodando (isso me deixa louca).

Tô segurando as pontas para respeitar as férias do meu marido, não atrapalhar e tentar descansar como disse meu amigo leitor vou tentar esvaziar a mente e ver se ela para de rodar… Ver se encontro um pouco de paz….
Beijo grande e até a volta.

PS: continuo tomando meus venenos regularmente, apesar de eles estarem me deixando mais louca

Ligeirinho

Passando ligeirinho (estou digitando no iPhone por isso vou escrever pouco).

Remédios: check
Comilanças: check

Nesses dias de sumiço eu fiquei nervosa, mas tive que engolir Pq o trabalho me obrigou.
Tive evento ontem e tanto os preparativos quanto o próprio dia são punk, fico na adrenalina.
Sábado pensei que nao ia dar conta!
Domingo acordei bem graças a Deus e trabalhei 15 horas seguidas, em pé, no batidão montando, coordenando e desmontando um evento em sítio, com Decoracao bastante elaborada e mesas com lugares marcados.
Minha equipe tinha 8 pessoas. Foi ótimo, me diverti junto com os anfitriões que foram umas graças, sorri, alias, gargalhei, dancei, abracei, recebi elogios….
Após ficar tantos dias isolada socializei muito e com muitos. Alivio por ter dado tudo certo. Felicidade pelo reconhecimento do trabalho. Gratidão a Deus por permitir minha cabeça funcionar nesse dia. Leveza na alma dada pelos abraços recebidos. Enfim, boas notícias em um blog tao pesado como esse.

Nessa semana preciso preparar 4 eventos pois viajo de ferias quinta feira e preciso deixar tudo pronto pra qdo eu voltar.

Vou tentar passar aqui antes de viajar. Muitas coisas pra contar.

Laura

Diáriamente gorda

Let’s see…

Bupropiona: check

Oxcarbazepina: check

400g de chocolate: check =(

Ontem meu marido precisou sair de casa às 22:30 porque o irmão dele (o Fulano) não poderia dormir sozinho (exigência do hospital). Não gostei, fiquei bem chateada, afinal, não estou na minha melhor fase para dormir sozinha… Mas eu não disse nada, não quis ser egoísta. Ele foi e eu fiquei trancada em casa, pois estamos com uma chave só.

Acordei e minutos depois ouço a chave na porta. Ele chegou e eu estava triste. Disse a ele que poderia ir, mas fiquei triste por ele ter ido! Bom, ele se deitou, dormiu a manhã inteira e eu fui cuidar da limpeza da casa. Almoçamos na minha mãe e à tarde fui ao salão de beleza (sim, estamos evoluindo!). Consegui rir e fazer piada, yeeeeeeey!!!!

Estava me sentindo bem, normal. Fora o medo de cair de novo, eu estava normal e passei o dia assim. A boca amarga foi embora, o sono (infelizmente) também. A confusão mental, a dificuldade de raciocínio, a memória curta e a compulsão alimentar ficaram. Tenho lido histórias que o doente engorda tanto que perde todo o guarda-roupa e não quer mais sair de casa. Desde que me casei estou assim…. Já perdi todo o guarda-roupa de solteira e não dei meu jeito. Sei que estou acima do peso, mas como não estou assutadoramente gorda, acabo empurrando com a barriga. É como seu eu só precisasse tomar uma atitude a partir do momento em que fosse uma aberração de tão obesa.

Isso tem me apavorado, sabe por que? Porque não sinto a menor culpa em comer!!!! Me apeguei à filosofia de que não consigo controlar cabeça e boca ao mesmo tempo e nela sigo firme e forte. O que é isso, meu Deus???? É mais um sintoma dessa doença ou é apenas falta de vergonha na cara mesmo? Se alguém souber, por favor me diga!

Mesmo estando “aceitavelmente” acima do peso (se é que isso existe), minha auto estima tá no pé, evito sair de casa para não ter que vestir calças e ver que elas não me servem e sexo, bom… além da falta de libido costumeira de quem toma venenos antibipolares, o corpo não tem favorecido…

Sério mesmo, já não sei o que fazer. Parece que os 400g de chocolate fazem parte do tratamento, como numa naturalidade e com uma necessidade… é como se fosse mais um medicamento. Se alguém aí tiver alguma informação para ajudar, por favor, escreva.

Boa noite!

Wish

Diário de bordo + desabafo

Para não esquecer, vamos aos registros do dia de hoje.

Bupropiona Check!

Oxcarbazepina Check!

Boca amarga: não!

Efeitos colaterais: (se é que todos são mesmo) diminuição do paladar (não sinto gosto de doce direito), cheiro ruim nas mãos, salivação extrema, torpor, sensação de estar chapada, fora de mim, aérea, vontade de comer doce mesmo sem sentir o gosto direito. Acabo comendo mais doce ainda pra ver se sinto o gosto. Resultado: uma barra de chocolate diária, muitas celulites e gorduras, mas sinceramente? Esse é o menor dos meus problemas….

Hoje acordamos, marido e eu, às 10 da manhã! rs

Acordei com o humor melhor, mas sabe aquele bem na corda bamba? Com a sensação de que a qualquer momento a coisa vai mudar? Levantei, fui fazer coisas da casa e ao primeiro contato com o mundo exterior… eu não estava bem, só não estava triste. Estava irritadiça! E como!!!!!

O coitado do meu marido sofreu. Ontem almoçamos na casa da sogra (após 4 convites dela recusados por mim não tive como fugir e até quis ir, não a via há tempos) e Davi decidiu acompanhar o irmão mais novo (meu marido tem 34 e o irmão 28) até uma academia à noite. O irmão já malha lá e chamou o Davi para começar. Ok.

Abre parênteses:

Desde o nosso namoro não dou certo com esse irmão por diversas razões. Meu santo definitivamente não bate com o dele. Antes de me namorar, meu marido estava há dois anos solteiro e sua vida era mais ou menos assim: moravam juntos ele, a mãe aposentada e esse irmão mais novo. O mais velho já era casado. O mais novo ainda estava na faculdade de direito, não trabalhava e tinha (ainda tem) uma namorada dos tempos de escola (eles estão juntos desde os 16 anos). Como meu marido era solteiro, o seu carro era o da família e nos fins de semana era do irmão e da namorada. É claro que o início do nosso namoro trouxe desconforto para a vida mansa do irmão.

Acabou o carro liberado. Acabou o Davi disponível 24h/dia para a mãe e o irmão. No início o Davi tentou conciliar e eu também. Pensei que era implicância minha e tentei me aproximar da família dele. Mas quanto mais me aproximava, mais percebia a relação estranha e injusta que havia ali. A mãe é aposentada pelo Estado com o teto máximo, R$3.000,00/ mês de aposentadoria. Não paga aluguel pois reside no apartamento emprestado pelo irmão mais velho. No meu ponto de vista com 3 mil/mês dá para ter uma boa qualidade de vida, já que ela sustentava a si própria e ao irmão que ainda não trabalhava (não me pergunte porquê um homem nos seus 25 anos de idade, estudando à noite, passava seus dias jogando no computador ao invés de gerar renda…). Eu não tenho essa renda e me viro bem, obrigada.

Entretanto minha sogra querida (ironia) se enrola em dívidas. Quando vai comprar um presente para um conhecido, por exemplo, não se contenta em algo na casa dos 30-50,00 reais. Eu muitas vezes nem isso dou. Não por ser sovina, mas porque acredito que presentes corriqueiros são lembranças e que devemos dar na medida das nossas possibilidades. Pois bem. Para ela não é assim. Ela faz questão de presentear com uma peça de marca conhecida, seja bijuteria, seja roupa, seja sapato. Para si é a mesma coisa.

Eu nunca usei uma peça de marca e olha que sempre estudei em escolas particulares e meus pais sempre mantiveram as contas religiosamente em dia. Vira e mexe a sogrinha aparece com um sapato italiano, um óculos importado, uma blusinha de malha que custou a bagatela de 150,00, coisas do tipo, deu pra entender a pegada da coisa, né? Gastos com salão de beleza, sapatos, bolsas, roupas, etc. Fora que compra de supermercado só entram itens caros (gente, aqui em casa que o Davi tem uma renda razoável eu economizo em tudo que acho que não vai fazer diferença na qualidade!). O irmão do Davi fazia academia, viajava com a namorada, etc, etc e quem cobria o rombo??? DAVI, óbvio! Afinal, ele não tinha mais nada pra fazer mesmo, né? (ele deixou de comprar seu próprio apartamento para “ajudar” em casa). Eu achava e acho isso um absurdo, um abuso.

Bom, minha entrada na família modificou as coisas: no fim de semana Davi e eu queriamos sair de carro, a grana do Davi começou a ter outro destino. E quando decidimos casar eu cada vez mais pressionava para que o Davi cortasse a ajuda aos poucos, pois após casados ele teria a própria família para cuidar. Vejam bem, se eles REALMENTE NECESSITASSEM de ajuda era uma coisa. Agora, uma pessoa que tem uma renda de 3 pau e um adulto que não trabalha, poxa vida! Isso é exploração, caramba! 3 mil dá para duas pessoas viverem confortavelmente!!! Agora, quer luxo??? Vai trabalhar!!!!!

Bom, essa briga deu muito pano pra manga. Empurrei o quanto pude até um dia, 3 meses antes do casório, minha sogra disse que não poderia pagar os bem casados que ela mesma me autorizou a encomendar (era a ÚNICA ajuda que ela daria pro casamento, sendo que quando o irmão mais velho casou, além dos presentes de casamento ela deu esse bendito doce também). Isso foi a gota d’água! Liguei e disse tudo o que pensava, vomitei, berrei, gritei mesmo. E sinceramente, não me arrependo. Porque, querendo ou não, aquela era a verdade. E digo isso com a tranquilidade de quem não estava em uma crise de bipolaridade. Eu só estava de saco cheio do abuso e das injustiças cometidas com o Davi como qualquer outra pessoa (mesmo não sendo bipolar) estaria.

Cheguei a terminar o noivado dizendo ao Davi que talvez ele tivesse nascido para cuidar da mãe e do irmão desempregado para sempre. Acabamos voltando e o Davi começou a colocar limites. Então desde que nos casamos eu mantive minha sogra a uma distância de segurança, mesmo que moremos no mesmo bairro. Não ligo, não convido para vir aqui, declino delicadamente os convites para visitá-la. Por quê? Porque sempre que aceitamos um convite ele vem com um pedido: é dinheiro, é favor, é o diabo a quatro. E como gato escaldado tem medo de água quente, prefiro ficar distante pois já presenciei várias situações onde ela pede ajuda, nós damos a mão e quando percebo ela já tomou os dois braços e está partindo pra devorar o corpo inteiro (tipo uma areia movediça, sabe?)

Fecha parêntesis

Bom, contei isso tudo para vir para o episódio recente. Ontem Davi foi fazer avaliação física na academia que seu irmão malha, irmão esse que continua desempregado ATÉ HOJE (estuda para concurso, mas vocês concordam comigo que só fica sem trabalhar quem pode, né? Conheço dúzias de pessoas que advogam e estudam para concurso e… PASSAM!!! Mas é fácil quando a mãe te banca, quando tios ajudam e às vezes irmãos também… é bem melhor ficar em casa jogando World Of War Craft, né????) Bom, lá foram eles. Davi ia passar no supermercado antes de vir pra casa e tinha deixado o celular aqui. O cel tocou um milhão de vezes mas eu nem olhei quem era. Fiquei no sofá.

Quando o telefone fixo tocou tive que atender (não temos detector de número então nunca sei quem está ligando): era o irmão procurando pelo Davi. O menino deixou um altere cair em cima da mão e cortou o dedo. Conversando comigo no telefone ele disse que conseguiu uma carona lá na academia e foi para o hospital. Não dá 5 minutos e a sogra querida liga aos berros: meu Deus, eu não tenho sossego nessa vida, cadê o Davi? Onde tá esse menino? Não chegou em casa ainda? Meu Deus do céu, o “Fulano”(irmão) chegou aqui todo ensanguentado, minha nossa Senhora o que vai ser de mim e bla bla bla (aos gritos). Eu disse: calma, o fulano disse que só se cortou. Ao que ela respondeu aos berros: eu vi a mão dele ensanguentada, ele veio aqui pegar a carteirinha do convênio, ahhhhh blábláblá.

Nisso minha cabeça já estava estourando, rodando, desnorteada e com vontade de mandar a PQP. Que merda! Eu já do jeito que estou e ainda receber um telefonema cheio de gritos do nada??? Esse “menino” só arruma confusão, impressionante, gente! Ele não cresce!!! Concordo que qualquer pessoa pode sofrer um acidente, mas quando é o Fulano parece que o mundo vai acabar! É o neném da família. Porra, o cara, um adulto de 28 anos, se cortou e foi pro pronto socorro levar uns pontos, caralho! (não tenho o hábito de usar palavrões no meu dia a dia, sou uma “lady”, mas aqui é minha válvula de escape, portanto, excuse me!) Mas quando se trata do Fulano um corte se transforma em um transplante de orgãos! É impressionante a necessidade que esse peseudoadulto tem de chamar atenção!

Bom, como sabem eu estou semi internada em meu apartamento pois estou extremamente prostrada e fragilizada devido a troca de medicação. Esse telefonema acrescido de todo o histórico negativo que tenho com a família do meu marido, foi o suficiente para me tirar de mim. Davi chegou e eu estava irritadíssima. Contei pra ele sobre tudo que aconteceu e sobre a raiva que eu estava da descompensada da mãe dele. Ele ligou pra ela e tcharam… ela era a calma em pessoa!!!! AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!! Quem ficou de louca na história?? A bipolar aqui, é claro! Gente, juro por tudo que há que ela estava gritando igual uma desvairada, descarregou tudo em mim pelo telefone e desligou! E eu é que sou louca???

Resultado: Fulano no hospital, Davi foi atrás. Fulano teve que operar pois aconteceu uma fratura exposta (não, nenhum osso saiu e ficou pendurado, um corte com fratura na qual qualquer parte do osso fique visível já é considerada fratura exposta). Ele teria que fazer uma cirurgia e ficar internado pois precisava tomar antibiótico na veia para prevenir osteomielite (infecção óssea) já que a ferida foi aberta. A cirurgia levou menos de 2 horas, coisa simples e rápida.

Os fatores estressores nesse episódio:

O telefonema da minha sogra aos berros, o fato de o Fulano não ter convênio (corrijo: agora ele tem, no episódio anterior – sim, ele vive arrumando uma ziguizira pra ir pro hospital- minha sogra, ao invés de levá-lo ao SUS como qualquer pessoa que não tem convênio, internou o moleque num hospital particular e depois foi pedir dinheiro pra parentada!). Eu não sabia que ele tinha convênio e deduzi que a conta iria ser paga por quem? Davi, é claro! E o fato de SEMPRE que me aproximo da sogra e do Fulano acontece alguma coisa ou eles começam a pedir alguma coisa foi novamente comprovado. INFERNO! Fico puta da vida! Sangue ferve até evaporar!

E como eu já estou mega sensível e acordei hoje com a irritabilidade e a agressividade à toda, despejei tudo em cima do meu marido quando ele disse que iria ao hospital buscar o amigo do Fulano que dormiu com ele lá. Davi saiu daqui cabisbaixo, triste e eu, claro, me arrependi. Ele voltou, pedi desculpas e expliquei que depois de tudo o que aconteceu entre a família dele e eu (a mãe dele chegou ao cúmulo de falar em uma festa de família para quem quisesse ouvir que se filho ouvisse mãe não casava com qualquer uma não -apontando pra mim- casava com quem mãe escolhesse), eu já entrava em pânico ao menor sinal de fumaça. Ele disse que já faz tão pouco pela família dele hoje em dia (o que é verdade) e que ficava triste por eu pensar dessa maneira, queria que eu pensasse diferente mas ele não pode me mudar.

Resumo da ópera: em um acesso de raiva descarreguei nele, ele se entristeceu e assim ficou o dia todo e eu me senti um lixo primeiro porque magoei quem eu amo e segundo porque me sinto ingrata por reclamar, é como se eu tivesse que engolir tudo que viesse da família dele, afinal Davi me carrega no colo e cuida de mim, não vivo sem ele.

Sei que passei do limite com Davi hoje. O acontecido não justificava minha reação. Mas meu medo está tão arraigado que reagi para proteger minha família com unhas e dentes, com medo de dar a mão e eles, como areia movediça, se apossarem do braço e do corpo inteiro. Gosto da distância deles em relação à minha casa. Às vezes Davi convida Fulano e sua namorada para virem aqui em casa, eu engulo pois essa é a casa de Davi também e ele fica tão feliz quando o Fulano vem (a ligação deles é fortíssima, Davi parece pai desse menino), mas é só Fulano sentar à mesa e começa os discursos megalomaníacos (quando eu passar no concurso eu vou ser isso, aquilo e aquilo outro, vou comprar isso, aquilo e aquilo outro). Outra característica marcante é que o Fulano AMA discordar de tudo e de todos, argumentando em alto e bom tom de forma que mais ninguém na mesa consiga conversar. Conversa saudável? Só quando Davi e Fulano vão para o vídeo game e a namorada dele e eu ficamos sozinhas. As visitas terminam comigo visivelmente cansada, estafada e irritada com o Fulano, com vontade de voar no pescoço dele e estrangula-lo com requintes de crueldade. Mas diante da alegria do Davi, eu sorrio, engulo e vou pra cama fritar até dormir de madrugada (Fulano me irrita tanto que mal consigo olhar na cara do meu marido após tais visitas).  E tudo recomeça na próxima visita.

Sei que hoje passei do limite pois Fulano está hospitalizado e Davi queria vê-lo. Não consegui me controlar. Mas me irrita profundamente o fato de o menor acidente, se for com o Fulano, toma proporções astronômicas e minha sogrinha querida e Davi movimentam o universo para garantir que o bebezinho Fulano tenha todo o conforto do mundo, mesmo que ele não possa arcar com isso. Vocês realmente acham que esse moleque vai crescer um dia? Tenho minhas dúvidas!!!!! Vejo-o tão pão duro com o próprio dinheiro (quando tem algum), sua namorada mesmo confessa, mas quando se trata do dinheiro alheio, ah…. simbora gastar! Se é convidado para um bom restaurante e sabe que Davi ou o outro irmão vai pagar a conta, come não o que tem vontade, mas o item mais caro do cardápio!

Fico imaginando-o fazendo compras de supermercado, pagando conta de luz, condomínio, telefone, IPTU, IPVA, financiamento de carro, de apartamento, a gasolina do próprio carro, essas coisas que todo ser humano da classe média faz, mas que ele não tem nem ideia do quanto custa pois não paga, só usufrui.  Ele teve smartphone com internet ilimitada muito antes de eu sonhar em ter um (vejam bem, eu trabalho e meu marido também!!!) Viaja com a namorada enquanto nossa primeira viagem foi de lua de mel! Realmente, enquanto existir alguém que sustente os luxos e devaneios do bebezão que “um dia será muito, muito rico”, ele não sairá das fraldas! Fazer bonito com o chapéu alheio é fácil, quero ver matar um leão por dia para comer, beber, viver!

E o mais interessante é que ele é plenamente saudável! Não trabalha por pura preguiça, cara de pau mesmo, safadeza, sei lá o que. Davi briga comigo e diz que Fulano sofre muito por depender dos outros… sofre, porra? Vai trabalhar então, vagabundo! Eu tô aqui, lelé da cuca de tudo, doidinha, devido à minha doença nunca consegui me manter em emprego. Montei meu negócio e tô tocando até quando Deus quiser, pois sei que minha doença pode me jogar no chão de uma hora pra outra. Agora, um adulto saudável, inteligente e capaz, passar o dia com a bunda na cadeira jogando, indo à cursinho e depois academia e ainda contar com luxos custeados por outros… ah! Me poupe, viu?

Davi luta dia a dia para pagar nosso financiamento, nossas contas. Temos um carro popular batido há 6 meses (não concertamos), estamos a um ano e oito meses casados e agora em maio que vamos viajar de novo. Eu trabalho igual um burro de carga organizando eventos, lidando com sonhos dos outros. Dia de evento eu trabalho até 18 hora DIRETO (monto e desmonto o evento) para ver recursos da minha família direcionados para manter luxos de uma pessoa que não trabalha e de outra que torra sua aposentadoria com sapatos italianos??? Me desculpem, mas qualque pessoa em sã consciência se revoltaria com isso! E, repito, isso nada tem a ver com a minha bipolaridade, tem a ver com o ódio que eu tenho de gente folgada que só quer tirar vantagem dos outros ao invés de trabalhar pra ter seus luxos ou se contentar com o que tem!

Bom, hoje foi isso: irritada, irada, acuada com medo de os abusos voltarem, mas também com remorso por ter magoado a pessoa que mais amo e que mais cuida de mim.

Mas Fulano e sogrinha, me perdoem, mas o que vocês fazem não é certo, é falta de brio, de caráter, é desonestidade, é abusar da boa fé das pessoas. Como eu já disse, se fosse por necessidade eu seria a primeira a ajudar (assim como ajudo meus pais quando precisam), mas por luxo e preguiça??? Não posso respeitar pessoas assim. Não consigo. O melhor mesmo é manter distância quilométrica para não magoar meu marido, pois sincera como sou… os embates não serão legais.

ODEIO OS “GERSONS” DA VIDA! Aqueles que têm toda capacidade física e mental para o trabalho mas querem sempre levar vantagem em tudo!

Diário de bordo

Vamos aos registros de hoje (garantia de não esquecer a minha vida)

Hoje acordei bem. Sim, bem.  Dormi bem pois tomei um alprazolam de 1mg (não foi receitado pelo meu médico, tomei por conta própria). Não aguentava mais dormir sem dormir, sonhar coisas da minha infância e adolescência com requintes de surrealidade. Não. E deu certo. Acordei bem.

Parecia que eu não havia passado por tudo que passei ontem. Mas um bem sem euforia. Um estar bem medroso, parecendo que o buraco da depressão está bem ao meu lado e eu estou me equilibrando em sua borda para não cair.

Por vezes a dor da tristeza passou por mim e eu quis chorar. Mas não chorei.

Lavei roupas, trabalhei no meu próximo evento (organização de check lists, contato com fornecedores, com o anfitrião), recebi um cliente e ainda consegui ir almoçar na minha sogra.

Entretanto estou extremamente irritadiça e intolerante. Sinto que estou muito frágil, que não estou estável, mas hoje consegui passar o dia bem.

Liguei para o meu psiquiatra e não consegui descrever todos os efeitos colaterais tidos. Repito-os sempre aqui para não me esquecer, mas no telefone meu pensamento se desorganizou e não dei conta. Ele afirmou que essa piora inicial é sinal de uma melhora que está para chegar e que é preciso paciência e força. Me passou o telefone de uma terapeuta. Falei com ele do meu medo de ele morrer e eu ficar sem assistência. Ele riu e brincou que não estava planejando morrer não, mas que faria uma lista do que eu já tomei.

Fiquei um pouco triste pois pensei que ele fosse conversar mais, afinal eu nunca havia mergulhado nessa necessidade de morrer. Inclusive hoje vi na bula da oxcarbazepina que se esse sintoma aparecesse, assim como os tremores, era para comunicar imediatamente ao médico. Eu o fiz e ele respondeu isso. Sei que estou carente. Ele deve saber o que faz. Confio nele. Como já disse, ele é temente à Deus e atende com a imagem de Jesus em sua mesa. Sempre diz que atende pensando “nesse cara aqui” e mostra a imagem de Jesus. Ele só cobra o que você pode pagar. Se você não pode pagar, você não paga. Ele não receita medicações sem critérios. O negócio é esperar mesmo… Apesar de que outra crise igual a de ontem eu não sei se aguento…

Tomei a bupropiona de manhã, a oxcarbazepina agora a noite, precisei de doces: mousse de chocolate, uma barra de chocolate… já estou gorda e a tendência é aumentar, mas não consigo me conter… preciso do doce, preciso.

Bom, hoje é isso.

Laura

Day by day

Acreditei que hoje nem iria postar.

Acordei um caco.

Tenho tido sonhos surreais, parece que não dormir, é como seu eu tivesse mudado de mundo e vivesse outras experiências (totalmente desprovidas de sentido quando comparadas ao “mundo real”). Por isso acordo com a cabeça rodando, parecendo que eu não dormi.

Fui dormir às 01 da manhã e acordei às 7. Depois de mudar a medicação essa foi a primeira vez que tive o horário de sono alterado. Acordei um uma tristeza misturada com apatia. Parecia que eu não existia. Não sentia vontade de nada, meu rosto parecia que estava congelado. Não ria, não chorava, não sentia raiva.

Algumas vezes no dia me senti ansiosa para sair de casa, mas ao mesmo tempo sem vontade nenhuma de ver niguém. Estava cansada do apartamento, mas não tinha forças para saí. Fiquei alternando entre minha cama e o sofá.

À tarde fui acometida por uma crise de desespero profunda e doída. Abraçava meu marido e dizia que não aguentava mais, que não tinha mais força, que não era normal eu me senti da maneira que estou sentindo. A vontade de morrer era GIGANTESCA, não o fiz por pura covardia, por culpa de fazer meu marido e familia sofrerem. Mas sinceramente, não sei o que estou fazendo aqui. Rezo pedindo para morrer. Disse a ele que isso não era normal, que eu não era assim e que eu não queria fazer uma bobagem, mas eu havia chegado no meu limite, não dava mais.

Ontem a boca amarga o dia todo. Hoje acordei com tremores, dificuldade em articular as palavras, apatia. O único momento de explosão em choro foi esse. Juro que preferia morrer a sentir aquilo. E ao mesmo tempo olhava meu marido e pensava: isso é loucura, ele é totalmente saudável e alegre, ficar aqui internado nesse apartamento comigo vagando igual a um zumbi, toda descabelada, com o rosto congelado e o olhar distante.

Pedi que ele fosse almoçar com a família dele para se distrair. Não consegui acompanhá-lo. Não estou afim de ficar explicando porque estou com o rosto abatido, inchado, envelhecido, os cabelos descuidados. Não estou afim de explicar minha falta de vontade de conversar. E temo ficar desesperada para ir embora e todos, certamente, iriam achar esquisitíssimo. Fiquei em casa e a vontade de me matar era enorme, mas a coragem… Tenho um evento para fazer semana que vem e não posso decepcionar. Mas já não sabia que eu era, tem horas que olho para minhas mãos e sinto como se elas fossem de outra pessoa. Minha lingua parece que está grossa e é difícil articular as palavras.

Isso não é vida. Como ter uma sobrevida com o TAB se me sinto dopada, praticamente uma retardada????

Ele voltou e demos uma caminhada com nosso cachorro. Me senti melhor. E por isso vim aqui escrever um pouco.

Por mais infernal que tenha sido o dia, queria registrar as coisas aqui, pois ultimamente tenho me esquecido de quase tudo. Queria não só morrer, mas me desintegrar. Queria que eu nunca tivesse sido criada, nunca.  O fardo da vida está pesado demais e não quero ir pro outro lado como suicida e continuar sofrendo. Eu só queria sumir, só isso.

É crueldade deixar um ser humano na Terra nessas condições. Não há cirurgia para extirpar o mal, não há cura, não há opções a não ser os venenos que te livram de algumas coisas mas de transforma em um saco de batatas com olhos, braços e pernas.

É isso.

Laura

Diário

Passando só para registrar:

Hoje é sexta-feira da paixão e passamos, meu marido e eu, em casa, tendo como cia nosso cão amigo.

Tomei religiosamente a bupropiona e agora a oxicarbazepina.

Ontem não dormi chorando. Hoje não acordei chorando. E pelo que parece, também vou dormir sem chorar. Isso é bom, muito bom. Sinto-me bem melhor, entretanto cogitar a possibilidade de sair de casa para fazer qualquer coisa, pensar em dirigir, em trabalhar, em interagir com qualquer pessoa que não seja meu marido, ME APAVORA.

Estou internada em meu apartamento. Meu lar lindo, meu castelo como diz meu marido. Gostaria de continuar assim, mas não será possível. Amanhã tenho 2 clientes, segunda mais 2 e a semana segue cheia (cheia no meu ponto de vista, é claro).

Notas sobre a medicação:

Percebi que entre 20 e 21h o sono chega e é só eu me deitar e ler um pouco que eu apago. Os sonhos não tem sido bons. Não se trata de pesadelos apavorantes e surreais, mas é como se eu tivesse voltado à minha adolescência. Revolta, shows de rock, programas mal vistos pela minha família, gritos, discussões, humilhação, desespero para sair de casa e encontrar na rua alguém que me amasse e me aceitasse. Nos sonhos, como na época, eu sempre levo ferro. Minha ingenuidade me faz acreditar em tudo e em todos que me dizem “olá” sorrindo. Os resultados vocês podem imaginar.

Após esses sonhos acordo com a cabeça ruim, parece que ela está rodando e que estou em outro lugar. Acordo amargurada e ao mesmo tempo desnorteada.

Tenho procurado combater a boca amarga com litros de suco de maracujá. Até agora funcionou. Também tenho tentado ocupar minha cabeça e organizar meus pensamentos fazendo atividades domésticas, desde as mais simples até as mais pesadas. Não faço todas de uma vez, deixo algumas para me ocupar amanhã. Medo de ficar com a cabeça vazia…

No mais, é isso!

Até o próximo post!

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